Monday, April 23, 2007

Poderes para quê?

Quando um cara pode voar, dar um soco que é capaz de demolir uma montanha numa pancada só, enxerga com visão de raios-X, pode ficar sem respirar por horas, ele provavelmente pode com todo mundo, certo?

E quando o fulano tem que se virar contra o crime e ele não têm merda nenhuma de poder para tanto?

As hqs que focam pessoas “normais” costumam ser deveras interessantes, quando bem executadas. Muitas vezes o gênero nem precisa ser exatamente “a luta contra o mal”. E geralmente quando as HQs fogem deste rótulo, eles costumam ser muito boas, como é o caso de Sin City e 100 Balas.



Sin City teve um começo relativamente discreto. A história inicial da cidade do pecado trazia um protagonista no mínimo, inusitado. Marv era o típico cara errado, em todos os sentidos: já foi preso, sofre de problemas psicológicos sérios, é um assassino de sangue frio, beberrão até a alma e melhor; feio como o diabo. Exatamente como um “Bad Guy” deve ser. Esqueçam o lance de queixo quadrado com furinho, topete impecável e capa vermelha. Com Marv, o negócio era feio mesmo. Literalmente.

Sin City emplacou. Teve ótimas histórias (como o Assassino Amarelo) e algumas medianas (A Grande Matança e Inferno). Mas no geral, sempre agradou. Não lembro de ter lido algo da série e dizer “não gostei”. Quando o filme saiu, todos queriam mais Sin City e, Frank Miller, de maneira muito inteligente, disse não. Tudo que é “saturado” enche o saco. Prova cabal disso é a esmagadora maioria das HQs “tradicionais” de super heróis. HQs que são exploradas na dosagem certa quase sempre vingam. E quando a HQ é muito boa e saiu só de vez em nunca, é melhor ainda. Exemplo maior é o sucesso Hellboy, que foi devidamente adaptado para a telona, o que não foi o caso de Sin City, que foi “transcrito” para a telona.



Mas HQs com temática policial e de pura investigação não se restringem a estes títulos citados. Ainda temos muita coisa boa. Na verdade, em alguns aspectos, até melhores.

Quando eu conheci 100 Balas, foi através da indicação do Luwig. Há um tempo atrás nós ficávamos muito tempo no MSN trocando idéias sobre HQs e filmes e, ele sempre me aconselhava alguma HQ diferente. Fato este que eu sempre ignorei. Na verdade, acho que eu sempre faço isso. Vejo coisas nitidamente boas, mas ignoro. Acho que não faço parte da geração que gosta de sentir o “boom” inicial das coisas. Eu prefiro degustar aos poucos.
A trama de 100 Balas é soberba. Os textos, impecáveis. Nem vou falar da arte. Aquilo lá é único. Ninguém desenha como Eduardo Risso. Ninguém mesmo. Muitas vezes até lembra um pouco o Sin City de Frank Miller, mas para ae. Só lembra mesmo, nem ao menos se parece. Os personagens são todos excelentes e únicos. Para quem é fã de filmes “cool”, dá para ver um pouco aqui e acolá de Quentin Tarantino e Guy Ritchie (em sua boa forma). Até mesmo os elementos dos filmes da série “Bourne” são perceptíveis, principalmente quando nós pensamos nos Minutemen. E por falar nisso, se você um dia escutar “Croatoa” e pirar de vez, lembre-se: Alcofa é amigo viu?



Reza a lenda que 100 Balas irá ter exatas 100 edições. Se isso for verdade, já estamos perto do final, pois o titulo lá fora já passou do numero 80. A trama fica mais intrincada a cada momento (não vou falar sobre isso aqui para não estragar a surpresa de ninguém) e, já dá um sentimento de “perfeito” quando você termina de ler uma edição, pois todos os detalhes “soltos” desde a primeira edição, vão se encaixando de maneira única. Quando eu digo que 100 Balas tem influencias de Tarantino, eu me refiro aos diálogos extremamente bem construídos e a violência absurda que vemos de vez em quando. E quando eu digo que tem um quê de Ritchie, é só você ler um arco inteiro de qualquer parte da saga, e na seqüência veja “Snatch” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”. A referência é nítida, tanto no humor negro onipresente quanto no quesito “analise do submundo”. Mas a diferença é que Guy Ritchie explora o submundo inglês. Brian Azzarello explora os hispânicos de uma maneira geral. Perfeitamente, diga-se de passagem.



100 Balas é perfeito. Mas não é único.

Acho que vou dedicar este post ao Luwig, pois lá vem ele citado novamente. Por ele ser um fã invicto do Batman (blergh) é óbvio que uma hora ou outra ele iria me aconselhar a ler algo relacionado ao homem, já que o mesmo é um banana que só sabe lutar sujo e pode tomar um surra do Rogers MORTO e... Ta bom, já parei.
Enfim, certo dia o cabra veio me aconselhou a ler Gotham Central. E este conselho talvez tenha sido o único que eu segui logo de cara. Foi paixão à primeira lida.

Gotham Central lembra (e muito) a clássica série “Nova York contra o Crime” (que eu comprei recentemente o Box da primeira temporada e to babando nele), mas com a diferença que todos os arcos tem alguém da galeria de vilões do morcego. Às vezes eles ganham muito espaço ou só aparecem discretamente. Mas eles sempre estão lá.
Os personagens são carismáticos e extremamente bem construídos. E as historias são muito ousadas. O arco “Meia Vida”, onde Montoya acaba por revelar que é lésbica, foi excelente. Mas, sejamos sinceros, de uns tempos para cá, muita gente ta jogando do outro lado né?
Gotham Central reúne bons roteiros com uma arte extremamente coesa, que combina com o clima da série. Os desenhos não são feios. Mas também não são obras de arte. Excelente HQ com cara de clássica. Obrigatória.



Nem só de HQs americanas é que vive este gênero. Lá do lado “dazoropa” vem muita coisa boa também publicada (mas nunca devidamente continuada) por aqui, como Nathan Never e Dylan Dog. Nathan Never foi publicado pela globo e recentemente teve uma nova tentativa de publicação, mas sem sucesso, infelizmente. Já Dylan Dog teve umas boas edições publicadas por aqui pela Editora Conrad, que faz boas publicações, respeitando textos e com ótimas impressões. Mas isso não é regra. De vez em quando os caras escorregam, mas a editora tem tantos méritos (vide Sandman) que nem é justo critica-los.
Nathan Never vem com aquele clima futurista na melhor linha Blade Runner e, o mix de bons roteiros com desenhos competentes agrada e muito. Dylan Dog tem uma linha meio parecida com Hellboy, mas a HQs soa puramente Noir, fugindo do clima “Ctullistico” impregnado nas HQs do demonhão. Bons títulos que não vingaram aqui. Uma pena.





Também temos o eterno e, na minha opinião, maior ícone do gênero: The Spirit. A obra do mestre Eisner é relativamente conhecida do publico brasileiro, porém extremamente mal reconhecida pelo mesmo. Com roteiros que beiram a simplicidade (porém não de qualidade inferior), The Spirit é um clássico atemporal justamente por isso, sua simplicidade. Não sou um grande conhecedor desta obra de Eisner (e de sua carreira em geral), mas tenho algumas coisas publicadas pela Globo. Todas de ótima qualidade. Pena que ninguém se interesse em publicar isso por aqui de maneira séria ou, quem sabe, no formato de encadernados, já que este formato está tão “na moda” em terras tupiniquins. Mas os fãs podem ficar contentes porque o filme do personagem já está caminhando a bons passos. Vamos ver no que dá.



Infelizmente, o cinema ainda está pegando o ritmo dos filmes de HQs, mas de uns 5 anos para cá as coisas melhoraram, e muito. Homem Aranha, Batman (Begins, por favor), X-men (somente o segundo), Conan (clááááááásico), Quarteto Fantástico (não é nenhuma obra de arte, mas agrada), O Corvo (perfeito do inicio ao fim), Hellboy e tantos outros são prova de que o cinema está indo no caminho certo. Já casos como Sin City e 300 são provas do que deve ser feito com relação as HQs. E ainda tem Watchmen né?

Então, meu caro leitor, faça como eu: continue adorando a pancadaria explicita de sempre que tanto gostamos, mas de vez em quando abra sua cabeça para algo “normal”, onde as pessoas não atravessam prédios porque foram socadas por alguém capaz de mover montanhas. Geralmente você se surpreende.



Ps: acabou de sair em Sampa a Pixel Preview, revista dedicada a trazer previews (dãã) do que a editora vai lançar. Na primeira edição, temos o numero 26 de 100 Balas, edição esta que meio que dá uma geral em todos os personagens apresentados até o momento. Analisando: excelente papel, excelente idéia e melhor ainda, excelente PREÇO! Além de trazer a historia na integra, ainda traz um pequeno review dos próximos lançamentos e, podem botar uma fé, só vem coisa boa ae.Esta edição tem qualidade soberba tanto na impressão quanto no papel utilizado e, pasmem, custa módicos R$ 2,90! Uma única edição da editora anterior custava em média uns 7 contos... Resumindo: 100 Balas está em ótimas mãos! E o primeiro encadernado (atire primeiro, pergunte depois) logo mais está nas bancas. Nota 10 para a Pixel Media!

Alcofa (que vai comprar religiosamente 100 Balas republicada por uma editora de verdade e que possui noção da realidade, além de vários outros materiais apresentados no preview, como os WildCats de Alan Moore... escutando a antológica trilha sonora do filme O Corvo).
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Friday, April 13, 2007

Katana, Sai, Bô, Nunchaku

Espero ter escrito certo o nome de cada arma, pois, elas acompanham 4 dos personagens mais fodas de todos os tempos das HQs, desenhos e cinemas.

É claro que eu to falando das Tartarugas Ninja.



Talvez nem todo mundo saiba e, neste caso, eu acho que só se enquadra a galera com menos de 20 anos, mas as TMNT surgiram nas HQs, em preto e branco, lá no ido dos anos 80. A HQ saiu independente e em pouquíssimo tempo conquistou uma legião de fãs nos EUA e, até hoje, em sua terra natal, elas têm um sucesso relativamente “estabilizado”.

Em seu conceito original, a equipe de cascos tirava um sarro legal com alguns clássicos na época, como o Demolidor, tanto em sua origem como e seu conceito. Para quem já viu a HQ com sua origem (publicada no Brasil pela extinta Editora Sampa em formato Graphic Novel, e diferente do original, colorida. Com um pouquinho de paciência você encontra os scans desta HQ por ae) deve lembrar que tudo surge na tentativa de um jovem salvar uma pessoa que estava atravessando a rua e um isótopo radioativo cai em seu rosto... Mas, além disso, quatro tartarugas caem nos esgotos com o mesmo liquido, junto de um rato ninja (????) que estava por lá também ...
O resto é historia já contada mais vezes do que eu posso enumerar.

A HQ era sombria e recheada de humor negro. Elas quando lutavam era pra valer, e quase sempre mandam o inimigo dessa pra uma melhor. Decapitações, esquartejamentos, vísceras voando pra tudo quanto é lado. Isso era o que você via nas HQS das Tartarugas. E os personagens de apoio eram tão bizarros quanto às protagonistas. Alienígenas, outras mutações (homens-urubu, homens-wolverine, homem-rinoceronte e por ae vai), alguns malucos de plantão (como o eterno Casey Jones) e cientistas malignos (Backster Stockman).

O fenômeno nas HQs cresceu a um ponto tão grande que o óbvio aconteceu: venderam os direitos da série para ser produzida uma série animada.

E foi ae que tudo descambou de vez.



O desenhou tornou-se um clássico ao redor do globo e eu, claro, assisti uma centena de capítulos quando era criança. Afinal, QUEM NÃO VIU o desenho animado delas nos anos 80/90? Acho que a mesma galera que diz nunca ter lido Spawn ou qualquer coisa da Image...

Então vem o primeiro filme. Não sei se foi o objetivo real, ou se foi uma maneira quase sutil de tentar voltar à aura clássica, mas o primeiro filme no geral tem muitos elementos da clássica HQ: sombras, lutas no escuro, movimentos furtivos e um pouco da caracterização original delas: Leonardo como o eterno líder procurando a perfeição; Rafael como o esquentado e inconseqüente da equipe; Donatello como gênio de plantão e companheiro de farra de Michelangelo, que dispensa apresentações.

Talvez o filme tenha agradado a todos, mas agradou em especial os fãs da HQ clássica em diversos aspectos.

Problema é que os caras ganharam um bom dinheiro com o filme. Então por que diabos não fazer mais um? Ou dois?
Eu nem vou comentar tais filmes porque eles são realmente ruins. Tanto no roteiro quanto nas maquiagens (roupas), que são nitidamente inferiores ao do primeiro filme.



O desenho se mantém por umas boas temporadas, mas como tudo na vida, chega ao fim. E foi justamente neste ponto, em que o que estava ruim, piora.

Decidem fazer um seriado televisivo das Tartarugas no “melhor” estilo “Power Rangers”, inclusive com uma quinta tartaruga, a Vênus de Milo. Eu me recuso a falar mais sobre isso.

Talvez enxergando a cagada que estava sendo feita com personagens que já tinham sido ícones da cultura pop nos anos 80, a Fox decide produzir uma nova série animada, mas desta vez com tons mais fiéis ao conceito original das HQs. Em meados de 2002, estréia a nova serie animada do grupo, que agradou muita gente, pois as aventuras voltaram a ser em “período noturno”, as “caras felizes” foram embora, dando lugar a expressões severas e boas cenas de luta, e com personagens tão pitorescos quanto os da HQ já extinta.



Falando um pouco sobre as HQs e saindo do campo televisivo, as TMNT continuaram sendo publicadas por um tempo, tendo um volume pela Mirage Comics (67 edições no total, e eu sou felizardo pois tenho os scans de todas estas edições), um Volume pela Archie (30 e poucas edições) e um volume pela Image Comics. Sim, para aqueles que odeiam a Image Comics, saiu um volume de 30 edições por lá, e as cascudas participaram bastante do Universo Image, mas sua série foi tão criticada que nem é considerada como parte de seu universo oficial.

Para quem não sabe o que rolou neste volume, ae vão alguns “acontecimentos” do que rolou por lá: Donatello fica as portas da morte e se torna um Cyborg; Rafael enlouquece de vez e se torna o novo líder do Clã do Pé; Leonardo perde um das mãos e sai em uma espécie de busca espiritual; e Michelangelo acaba por se tornar o eterno sidekick.

Eu até tenho algumas destas edições (scan) e posso concluir o seguinte: não é tão ruim, de verdade. Problema é que foge muito do conceito original delas.



O tempo passa, o desenho da Fox ganha mais uma temporada e, começam os boatos de um novo filme das cascudas, mas desta vez no formato de animação. E melhor: computação gráfica.

Muitos filmes que “se seguram” em computação gráfica levantam muita discussão, pois sempre tem aquela galera que diz que a grande maioria não tem roteiro e são somente chamarizes para os olhos. Acho que isso é verdade em alguns casos, mas acredito que são poucos mesmo. No caso das animações em computação gráfica, a industria realmente abriu os olhos para este segmento e viu que o mesmo é lucrativo bagarai, e melhor, você pode dar asas à imaginação e não depender da atuação ruim deste ou daquele ator (Anakin Skywalker?). Os exemplos de boas animações neste formato são quase infinitos, e fica muito a gosto pessoal de cada um.

Quando as primeiras imagens do novo “filme” das cascudas começaram a rolar na net, eu dei um sorrisão de orelha a orelha. Quando eu fiquei sabendo que o sotaque do Rafael iria ser o mesmo do primeiro filme (de alguém que mora no Bronx), este sorriso aumentou. E, este sorriso ficou escancarado quando vi 4 minutos do filme.



Enfim, as Tartarugas Ninja tinham voltado a glória dos tempos áureos das HQs clássicas. E quando eu digo “voltaram”, eu falo isso com vigor.

Não vou contar como é o filme para não estragar a surpresa de ninguém. Eu já vi, mas quando estrear aqui, vou ao cinema ver. Legal porque os idealizadores deixaram bem nítido que o ponto de partida seria o final do primeiro filme, portanto, a derrota do Destruidor (Shedrer) é levada em conta, e temos um novo líder no Clã do Pé. As minhas únicas ressalvas quanto ao filme foram: o tempo de duração e a participação menor de duas tartarugas no filme. Não estraga, mas elas mereciam um maior destaque. Ou um filme maior. Mas mesmo ele sendo relativamente curto, você não sente que nada ficou espremido ou mal explicado. Tudo funciona como uma engrenagem.

Desde já, um dos melhores filmes do ano, seja você fã delas ou não, fã só das HQs ou só dos desenhos. Agrada os “pequenos” e os velhos fãs de longa data.

Mas agrada mesmo os fãs da HQ clássica. Podem apostar nisso.

Alcofa (que já viu o filme três vezes, vai convidar alguns amigos para ver em casa (para poder ver mais uma), comprou 4 promoções do “MacPorcaria Feliz” só por causa dos bonecos, e que se arrependeu de ter vendido seu PS2, afinal, saiu God of War 2... mas os amigos estão ae pra isso mesmo, afinal, se nenhum deles me emprestar o PS2 para eu vegetar enquanto destruo God of War 2, eu não faço mais sessões de pôquer em casa, e ninguém mais toma Black Label e Jack Daniel’s na faixa por aqui...ENTENDERAM??)
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Rebeldia e revolução ressuscitada?

No meio da musica muita gente faz sucesso de varias maneiras. Conseguem agradar o mainstream; são bonitinhos/bonitinhas; um bando de gostosas dançando (Pussycat Dolls... aaaaaahhhhhhh); por ter talento mesmo (algo um tanto raro hoje em dia em alguns segmentos, principalmente no que se refere a musica pop) e, claro, por fazer algo único, que realmente consegue tocar algumas pessoas. Alguns artistas conseguem escrever letras tão complexas quanto simples e, que expõem tudo o que os aflige/agrada. Mas poucas pessoas conseguem fazer isso com um feeling verdadeiro, quase palpável. E melhor: quando o cara escreve de maneira perfeita e canta com a mesma raiva com a qual escreve.

Dave Mustaine é (era) um desses.



Alcoólatra. Viciado. Rebelde. Revoltado com tudo. Expulso de uma banda que viria ser uma gigante nos anos seguintes. Este é o homem.

A história é de conhecimento geral. Acho que até minha mãe conhece. Mas quando Dave foi expulso do Metallica e jurou vingança, prometendo que iria criar uma banda melhor, ele prometeu aquilo com ódio e rancor.

E foi justamente por isso que o Megadeth tão certo nos anos 80.

Os álbuns da década da perdição são perfeitos. Não dá pra dizer que nenhum deles é ruim. A fúria contida nas letras, a indignação presente ali, a ira descabida na hora de tocar... Dave não tocava magistralmente; ele fazia isso E com muita raiva enquanto fazia. Problema é que a sombra do Metallica estava sempre ali. O primeiro álbum do Megadeth não tem absolutamente nada repetitivo, tudo ali é original. É uma jóia rara no famoso “Thrash/Speed Metal”, que foi tão bem “copiado” (no melhor sentido) pelo Annihilator de Jeff Waters. As musicas transpiram ódio. Os álbuns seguintes são tão maravilhosos quanto, mas o primeiro dá até para sentir o cheiro do suor do cara compondo com a cabeça lotada de cocaína. Em “Peace Sells” Dave mostrou para o que realmente veio: xingar tudo e todos, na cara mesmo. Não gostou, foda-se. Este sempre foi o pensamento do “Old Dave”. E assim continuo até o aclamado Rust in Peace.



Dave cantava mal mesmo. Voz afinada? Deixem isso pro Bruce Dickinson. Performances engraças no palco? O Twisted Sister era campeão nisso. Não, o que Dave gostava mesmo era de mostrar o quão rápido e preciso ele era. Quando ele tinha que solar, ele o fazia bangeando como um louco. Muita gente fala que este ou aquele é o frontman perfeito. Mas muita gente esquece o injustiçado Dave Mustaine.

E nos anos 90 isso ficou ainda mais evidenciado.

Sem nunca conseguir fugir da sombra do Metallica, Dave dá um direcionamento msuical um pouco mais aceitável, mas ainda extremamente técnico e preciso. Com o lendário Lineup Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza eles gravaram os excelentes “Countdown to Extinction e Youthanasia”, ambos com muita melodia, principalmente este ultimo, que possui uma das canções mais lindas que já escutei: A Tout le Monde. Para quem tem paciência, leia com atenção a letra desta musica.

O que o Metallica nunca teve, o Megadeth tem de sobra: freqüência nos lançamentos, mas sem nunca cair a qualidade. Problema (?) disso é que Dave foi “abrindo” sua cabeça musicalmente, e “Cryptic Writings” é prova cabal. Ainda temos algumas canções com riffs que Dave eternizou em seus primeiros álbuns (as famosas “cavalgadas”), mas no geral, tudo aqui é com cara de “vamos abranger um público maior”. E disso para o erro mortal foi um passo.

“Risk” é um álbum bem controverso. Tem bastante gente que odeia. E tem a galera que gosta. Mas acho que não existe a galera que ama este álbum. Ele até possui algumas coisas “legais”, como a criticada “Crush’em”, “Breadline” (que também possui uma letra maravilhosa) e “Prince of Darkness”. Mas para por ae.

Duramente criticado, chamado injustamente (?) de vendido, Dave percebe que deu um passo maior que a perna. Esta na hora de voltar atrás. Bem atrás.



Dave Mustaine sempre foi famoso por ser um ditador, e na linha dos melhores, como Steve Harris e o já citado Jeff Waters. Mas o problema é que quando era assim, as coisas funcionavam de verdade no Megadeth. E ele chegou a conclusão de que deveria voltar a ser assim.

Com um line up modificado (Mstaine/Ellefson/Pitrelli/DeGrasso), chega ao publico o excelente “The World needs a Hero”. Antes deste álbum, saiu uma coletânea com duas musicas inéditas (uma inclusa aqui) e ali deu para perceber que Dave viu que os fãs queriam de verdade eram riffs poderosos, cheios de passagens de cavalgada, como no passado. TWNAH é bom, mas não excelente. Tem muita coisa boa mesmo aqui, principalmente no quesito letras, onde vemos a raiva do homem (já bem velhinho) voltando à tona, mas ainda assim, distante do passado.

Uma merda aconteceu, Dave fodeu o braço e anunciou seu fim de carreira. Muita gente ficou desesperada (eu inclusive) porque o cara tinha acabado de lançar um álbum bom de verdade, um regresso ainda simples, mas otimista, ao passado.

Passa um tempo, o cara aparentemente melhora, e nos presenteia com o melhor álbum desde o clássico Rust in Peace: “The System has Failed”. Riffs inspiradíssimos, letras que literalmente xingam tudo e todos, verdadeiros tapas na cara (The Scorpion, Kick the Chair e Die Dead Enough são gritantes!), mas, e prestem atenção neste MAS, aqueles com tanto feeling que emocionam mesmo, como Back in the Day (eu amo esta musica em todos os aspectos, pois ela é uma verdadeira ode ao bons anos 80) e Tears in a Vial (uma clara referencia a seus ex-companheiros de banda, tanto Megadeth quanto Metallica).

O Megadeth está de volta, forte como nunca e com uma formação que realmente deixa em duvida se a formação Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza foi a melhor, porque Mustaine, os irmãos Drover (para quem não conhece, estes caras são do foderosíssimo Eidolon e tambem já participaram do maravilhoso Mercyful Fate, ocupando bateria e guitarra) e o posto de baixista que ainda não está definido direito (primeiro foi James Macdonaugh, ex-Iced Earth e agora temos James Lomenzo, ex-BLS), executam performances perfeitas. Glen Drover (guitarra) é um clone de Mustaine. Não tem a presença de palco dele, mas o cara toca muito, e muito MESMO. A cozinha nem tem o que dizer é maravilhosa. Eu tinha conseguido o áudio do DVD One Night Live in Buenos Aires (valeu ae Dogg), e recentemente baixei o Divx deste show... Sem comentários.



O novo álbum está pronto, já tem capa divulgada (uma das mais bonitas da história da banda por sinal) e algumas musicas já estão rolando na net, como Sleepwalker, Washington is Next e a perfeita Never Walk Alone. Sim, eu acho que vai ser tão bom quanto o ultimo. Talvez até melhor, justamente por causa dos Drover. Se os caras trouxeram 10% do Eidolon para o Megadeth... Acreditem, se vocês não conhecem o Eidolon, deveriam ir atrás disso. É bom de verdade.

Mas tudo que é bom tem um problema.

Dave soltou uma nota recente dizendo que se este álbum não tiver o “devido reconhecimento”, provavelmente será o ultimo registro do Megadeth. Problema é que ele tinha dito coisa semelhante ao ultimo álbum. Que seria ultima turnê e coisa e tal.

Se o lance do braço, costas, ombro é coisa séria mesmo, só ele sabe. O objetivo deste post nem é esse, falar mal ou contestar a verdade. O lance é que Dave Mustaine e seu Megadeth semrpe foram uma das maiores bandas que já existiu no cenário do Heavy Metal. Dave é o Megadeth, sempre foi. Eu já vi o Megadeth ao vivo três vezes (95-98-05). Se vier mais uma vez, vou de novo.



O grande problema quando eu escrevo um post deste, é saber que eu to chegando aos 30 e nasci no país errado e na década errada. Eu deveria ter nascido lá pelos idos de 66, em San Francisco, é claro, na Bay Area.

É nestes horas que eu digo que “Back in the Day” é um clássico.

Alcofa (escutando as canções novas, e gostando de tudo até aqui)
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Saturday, April 07, 2007

Velocidade

É impressionante como nós vemos poderes diversos em todas as HQs de heróis. Praticamente tudo que é possível imaginar em termos de poder, existe. Alguns são de fácil compreensão, outros, nem mesmo os roteiristas conseguem explicar. Ou pior: às vezes o herói tem o poder de “um milhão de sóis explodindo”, mas não usa para porra nenhuma.

Mas se tem um poder que é complicado de entender, de verdade, é o da (super) velocidade.

Estrela Polar. Os membros do Legado Flash. Mercúrio. Hermes. Superman. Acho que até alguém da minha família deve ter este poder, tamanho é o número dos seres que utilizam o mesmo. Quando o fulano se move em supervelocidade, o cara fica praticamente “inatingível”. Ta certo que o fulano até pode ser pego de surpresa e tals, mas a verdade é que quando o cara se move na velocidade do som (ou da luz, em alguns casos), ele deveria ser praticamente invencível.
Para quem é leitor das antigas: lembram da fase da Tropa Alfa, lá no arco onde o Guardião morre, tem uma luta entre o Sasquatch (ensandecido) contra o Estrela Polar. O grandalhão agarra o fru-fru francês que, lhe dá “aparentemente” um único soco na cara, mas na verdade, ele desferiu uma centena, o que chegou a causar dor no Sasquatch. Detalhe: o grandalhão nesta época tinha uma força comparável à do Hulk e, o EP possuía nível normal para um humano.



Entenderam? Você tomar um soco na cara é uma coisa, mas e uma centena deles em um único segundo?

E o lance da pele? Pelo simples fato do cara agüentar correr/voar em Mach 4-10, ele deveria ser no mínimo a prova de balas e até mesmo armas cortantes!!

Prédio desabando, montão de gente embaixo dos destroços. Cena clássica. Lá vem o Flash/Mercúrio/Impulso ou quem quer que seja, corre, pega todo mundo, salva todos, e tudo isso antes do bendito prédio cair. E alguém ae recorda do Flash de Cavaleiro das Trevas 2? Putz! Aquilo sim era veloz!


Exemplo "basicão" de um "simples" acetando um "super" a toda velocidade


Quando muita gente fala do Superman, esquece da velocidade do mesmo, só pensam no tamanho do braço do homem e a quantidade de porrada que ele consegue dar com o mesmo. Ele pode tanto correr quanto voar em super velocidade. Não tão rápido quanto à galera “Bonde do Flash” (homenagem a um leitor do Rio de Janeiro que passa por aqui), mas é algo de impressionar. Agora imaginem só: o Superman vem VOANDO em supervelocidade e dá um soco na cara de alguém forte bagarai somando sua velocidade de impacto mais a sua força corporal. Imaginem o estrago!

To falando sobre este poder aqui porque dia desse eu inventei de prestar atenção nas HQs de super equipes e, notei que geralmente os “acelerados” só ficam correndo como uns retardados de um lado para o outro, salvando aqui e acolá, enquanto o resto da galera detonava tudo. Acho que um dos poucos escritores que realmente soube aproveitar um velocista em sua potencia máxima foi John Byrne e sua saudosa Tropa Alfa, que vai ser republicada por aqui logo mais.

Uma das soluções que muitos roteiristas usam (covardemente) é a de tirar o velocista da cena logo de cara, seja ele indo a nocaute ou indo salvar um monte de gente. Um titulo como o do Flash, onde vemos que o cara manda bem mesmo no que faz, deveria ser pelo menos comparado/consultado na hora em que alguém fosse escrever uma aventura da LJA. Não acham?



Numa HQ bem recente dos Novos-Novos-Novos Titãs, vemos o Impulso tornar-se Kid Flash e ir para cima de um dos meus personagens preferidos da DC Comics: Exterminador. Ele simplesmente acaba com o cara em segundos: desarma, desmonta suas armas e ainda tira um sarro dele. Nesta luta contou a experiência/poderes do mesmo e o fator Jericó, que estava no corpo do pai na ocasião. Mas esta pequena seqüência serviu para mostrar claramente a diferença que um velocista faz numa equipe. Se o cara for esperto o suficiente, ele detona uma equipe inteira facilmente. E esperteza é tudo nas HQS, que o diga o já citado Slade Wilson e o Batman, que é de longe o cara mais apelão-lutador-sujo-duma-figa que existe no Universo DC.

Enfim, quando for ler uma HQ com toneladas de heróis para todos os lados, tente prestar atenção ao fato de como os velocistas são “esquecidos” no meio da luta...

OFF TOPIC: Muita gente não gosta, ou gosta e não assume. Que o novo filme das Tartarugas Ninja vem ae, isso não é mais novidade. Mas, perda um pouco do seu tempo, dinheiro e da sua saúde e vá comer um McLanche Feliz. O brinde deste m~es, além de umas bonequinhas ridículas, são bonecos das Tartarugas, extremamente fiéis ao traço da nova animação e, por mais incrível que pareça, muito bem feitas!! Eu confesso: arrastei a namorada e um amigo, comprei 4 "promoções" (puta facada o preço disso...) só por causa dos bonecos...Pena que não tinha o Splinter também!



Grande abraço!

Alcofa (que se tivesse super velocidade igual a do Flash, passaria correndo a toda velocidade em uma banca legal na Avenida Paulista, saquearia todas as HQs do mês e encadernados especiais que custam o olho da cara, leria tudo em supervelocidade, e devolveria tudo depois... bem, quase todas! Escutando o novo do Shadows Fall... 2007 para quem gosta de metal “de macho” ta sendo um prato cheio!)
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300

Eu até estranhei na demora pra ver reviews sobre este filme pipocarem nos blogs de HQ e cultura nerd. Eu já tinha visto o filme uma semana antes da estréia (via camelódromo) e, sem mais delongas, vamos ao “Alcofa’s Review”.

A HQ é muito boa, de verdade. Mas eu nunca a considerei um clássico. Só uma HQ muito boa, nada além disso. Daqueles que valem a pena dar uma folheada ou reler de vez em quando. O filme ficou no mesmo patamar. Bom. E só.

Zack Snyder viu que para fazer filme de HQ ele deve agradar aos fãs E (com ênfase neste “e”) o publico geral. Por que Sin City deu certo? Porque eles pensaram nos fãs na hora de fazer, esta é a verdade. O mesmo pode ser dito do filme do Hellboy. Quando o fico é o “publico geral”, geralmente a coisa se perde. E feio.



A caracterização dos personagens está muito boa e todas as mudanças feitas em beneficio da “aceitação” do filme, também. Os Espartanos na HQ são quase semideuses e, na película, vemos que eles são meros mortais como nós, porém dezenas de vezes mais determinados e mega fodônicos. Mas ainda assim mortais. A interpretação de Gerard como Leônidas convence, e bastante. Sua guarda pessoal também. Da mesma maneira que Sin City, diversas falas foram só transferidas de uma mídia para a outra (HQ/Película), mantendo os textos fortes de Frank Miller, que de uns tempos para cá ta virando alvo de tudo quanto é crítica...

Bom filme. Parabéns ao Zack Snyder, pois eu já adorava seu “Madrugada dos Mortos”, e acabei de colocar mais um filme na minha lista dos “compráveis” quando sair o original.

Agora eu quero mesmo é ver o Watchmen... eu geralmente não crio expectativas com filmes de HQs, justamente por causa de coisas como Motoqueiro Fantasma, Demolidor, Elektra e afins, mas neste caso aqui é impossível não criar.

Alcofa (que gostou das mudanças feitas por Zack, como as aberrações no exército de Xerxes. Escutando (e gostando!) o novo do Morgana Lefay, a conselho do zumbi-mor Doggma)
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