Rebeldia e revolução ressuscitada?
No meio da musica muita gente faz sucesso de varias maneiras. Conseguem agradar o mainstream; são bonitinhos/bonitinhas; um bando de gostosas dançando (Pussycat Dolls... aaaaaahhhhhhh); por ter talento mesmo (algo um tanto raro hoje em dia em alguns segmentos, principalmente no que se refere a musica pop) e, claro, por fazer algo único, que realmente consegue tocar algumas pessoas. Alguns artistas conseguem escrever letras tão complexas quanto simples e, que expõem tudo o que os aflige/agrada. Mas poucas pessoas conseguem fazer isso com um feeling verdadeiro, quase palpável. E melhor: quando o cara escreve de maneira perfeita e canta com a mesma raiva com a qual escreve.
Dave Mustaine é (era) um desses.
Alcoólatra. Viciado. Rebelde. Revoltado com tudo. Expulso de uma banda que viria ser uma gigante nos anos seguintes. Este é o homem.
A história é de conhecimento geral. Acho que até minha mãe conhece. Mas quando Dave foi expulso do Metallica e jurou vingança, prometendo que iria criar uma banda melhor, ele prometeu aquilo com ódio e rancor.
E foi justamente por isso que o Megadeth tão certo nos anos 80.
Os álbuns da década da perdição são perfeitos. Não dá pra dizer que nenhum deles é ruim. A fúria contida nas letras, a indignação presente ali, a ira descabida na hora de tocar... Dave não tocava magistralmente; ele fazia isso E com muita raiva enquanto fazia. Problema é que a sombra do Metallica estava sempre ali. O primeiro álbum do Megadeth não tem absolutamente nada repetitivo, tudo ali é original. É uma jóia rara no famoso “Thrash/Speed Metal”, que foi tão bem “copiado” (no melhor sentido) pelo Annihilator de Jeff Waters. As musicas transpiram ódio. Os álbuns seguintes são tão maravilhosos quanto, mas o primeiro dá até para sentir o cheiro do suor do cara compondo com a cabeça lotada de cocaína. Em “Peace Sells” Dave mostrou para o que realmente veio: xingar tudo e todos, na cara mesmo. Não gostou, foda-se. Este sempre foi o pensamento do “Old Dave”. E assim continuo até o aclamado Rust in Peace.
Dave cantava mal mesmo. Voz afinada? Deixem isso pro Bruce Dickinson. Performances engraças no palco? O Twisted Sister era campeão nisso. Não, o que Dave gostava mesmo era de mostrar o quão rápido e preciso ele era. Quando ele tinha que solar, ele o fazia bangeando como um louco. Muita gente fala que este ou aquele é o frontman perfeito. Mas muita gente esquece o injustiçado Dave Mustaine.
E nos anos 90 isso ficou ainda mais evidenciado.
Sem nunca conseguir fugir da sombra do Metallica, Dave dá um direcionamento msuical um pouco mais aceitável, mas ainda extremamente técnico e preciso. Com o lendário Lineup Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza eles gravaram os excelentes “Countdown to Extinction e Youthanasia”, ambos com muita melodia, principalmente este ultimo, que possui uma das canções mais lindas que já escutei: A Tout le Monde. Para quem tem paciência, leia com atenção a letra desta musica.
O que o Metallica nunca teve, o Megadeth tem de sobra: freqüência nos lançamentos, mas sem nunca cair a qualidade. Problema (?) disso é que Dave foi “abrindo” sua cabeça musicalmente, e “Cryptic Writings” é prova cabal. Ainda temos algumas canções com riffs que Dave eternizou em seus primeiros álbuns (as famosas “cavalgadas”), mas no geral, tudo aqui é com cara de “vamos abranger um público maior”. E disso para o erro mortal foi um passo.
“Risk” é um álbum bem controverso. Tem bastante gente que odeia. E tem a galera que gosta. Mas acho que não existe a galera que ama este álbum. Ele até possui algumas coisas “legais”, como a criticada “Crush’em”, “Breadline” (que também possui uma letra maravilhosa) e “Prince of Darkness”. Mas para por ae.
Duramente criticado, chamado injustamente (?) de vendido, Dave percebe que deu um passo maior que a perna. Esta na hora de voltar atrás. Bem atrás.
Dave Mustaine sempre foi famoso por ser um ditador, e na linha dos melhores, como Steve Harris e o já citado Jeff Waters. Mas o problema é que quando era assim, as coisas funcionavam de verdade no Megadeth. E ele chegou a conclusão de que deveria voltar a ser assim.
Com um line up modificado (Mstaine/Ellefson/Pitrelli/DeGrasso), chega ao publico o excelente “The World needs a Hero”. Antes deste álbum, saiu uma coletânea com duas musicas inéditas (uma inclusa aqui) e ali deu para perceber que Dave viu que os fãs queriam de verdade eram riffs poderosos, cheios de passagens de cavalgada, como no passado. TWNAH é bom, mas não excelente. Tem muita coisa boa mesmo aqui, principalmente no quesito letras, onde vemos a raiva do homem (já bem velhinho) voltando à tona, mas ainda assim, distante do passado.
Uma merda aconteceu, Dave fodeu o braço e anunciou seu fim de carreira. Muita gente ficou desesperada (eu inclusive) porque o cara tinha acabado de lançar um álbum bom de verdade, um regresso ainda simples, mas otimista, ao passado.
Passa um tempo, o cara aparentemente melhora, e nos presenteia com o melhor álbum desde o clássico Rust in Peace: “The System has Failed”. Riffs inspiradíssimos, letras que literalmente xingam tudo e todos, verdadeiros tapas na cara (The Scorpion, Kick the Chair e Die Dead Enough são gritantes!), mas, e prestem atenção neste MAS, aqueles com tanto feeling que emocionam mesmo, como Back in the Day (eu amo esta musica em todos os aspectos, pois ela é uma verdadeira ode ao bons anos 80) e Tears in a Vial (uma clara referencia a seus ex-companheiros de banda, tanto Megadeth quanto Metallica).
O Megadeth está de volta, forte como nunca e com uma formação que realmente deixa em duvida se a formação Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza foi a melhor, porque Mustaine, os irmãos Drover (para quem não conhece, estes caras são do foderosíssimo Eidolon e tambem já participaram do maravilhoso Mercyful Fate, ocupando bateria e guitarra) e o posto de baixista que ainda não está definido direito (primeiro foi James Macdonaugh, ex-Iced Earth e agora temos James Lomenzo, ex-BLS), executam performances perfeitas. Glen Drover (guitarra) é um clone de Mustaine. Não tem a presença de palco dele, mas o cara toca muito, e muito MESMO. A cozinha nem tem o que dizer é maravilhosa. Eu tinha conseguido o áudio do DVD One Night Live in Buenos Aires (valeu ae Dogg), e recentemente baixei o Divx deste show... Sem comentários.
O novo álbum está pronto, já tem capa divulgada (uma das mais bonitas da história da banda por sinal) e algumas musicas já estão rolando na net, como Sleepwalker, Washington is Next e a perfeita Never Walk Alone. Sim, eu acho que vai ser tão bom quanto o ultimo. Talvez até melhor, justamente por causa dos Drover. Se os caras trouxeram 10% do Eidolon para o Megadeth... Acreditem, se vocês não conhecem o Eidolon, deveriam ir atrás disso. É bom de verdade.
Mas tudo que é bom tem um problema.
Dave soltou uma nota recente dizendo que se este álbum não tiver o “devido reconhecimento”, provavelmente será o ultimo registro do Megadeth. Problema é que ele tinha dito coisa semelhante ao ultimo álbum. Que seria ultima turnê e coisa e tal.
Se o lance do braço, costas, ombro é coisa séria mesmo, só ele sabe. O objetivo deste post nem é esse, falar mal ou contestar a verdade. O lance é que Dave Mustaine e seu Megadeth semrpe foram uma das maiores bandas que já existiu no cenário do Heavy Metal. Dave é o Megadeth, sempre foi. Eu já vi o Megadeth ao vivo três vezes (95-98-05). Se vier mais uma vez, vou de novo.
O grande problema quando eu escrevo um post deste, é saber que eu to chegando aos 30 e nasci no país errado e na década errada. Eu deveria ter nascido lá pelos idos de 66, em San Francisco, é claro, na Bay Area.
É nestes horas que eu digo que “Back in the Day” é um clássico.
Alcofa (escutando as canções novas, e gostando de tudo até aqui)
Dave Mustaine é (era) um desses.
Alcoólatra. Viciado. Rebelde. Revoltado com tudo. Expulso de uma banda que viria ser uma gigante nos anos seguintes. Este é o homem.
A história é de conhecimento geral. Acho que até minha mãe conhece. Mas quando Dave foi expulso do Metallica e jurou vingança, prometendo que iria criar uma banda melhor, ele prometeu aquilo com ódio e rancor.
E foi justamente por isso que o Megadeth tão certo nos anos 80.
Os álbuns da década da perdição são perfeitos. Não dá pra dizer que nenhum deles é ruim. A fúria contida nas letras, a indignação presente ali, a ira descabida na hora de tocar... Dave não tocava magistralmente; ele fazia isso E com muita raiva enquanto fazia. Problema é que a sombra do Metallica estava sempre ali. O primeiro álbum do Megadeth não tem absolutamente nada repetitivo, tudo ali é original. É uma jóia rara no famoso “Thrash/Speed Metal”, que foi tão bem “copiado” (no melhor sentido) pelo Annihilator de Jeff Waters. As musicas transpiram ódio. Os álbuns seguintes são tão maravilhosos quanto, mas o primeiro dá até para sentir o cheiro do suor do cara compondo com a cabeça lotada de cocaína. Em “Peace Sells” Dave mostrou para o que realmente veio: xingar tudo e todos, na cara mesmo. Não gostou, foda-se. Este sempre foi o pensamento do “Old Dave”. E assim continuo até o aclamado Rust in Peace.
Dave cantava mal mesmo. Voz afinada? Deixem isso pro Bruce Dickinson. Performances engraças no palco? O Twisted Sister era campeão nisso. Não, o que Dave gostava mesmo era de mostrar o quão rápido e preciso ele era. Quando ele tinha que solar, ele o fazia bangeando como um louco. Muita gente fala que este ou aquele é o frontman perfeito. Mas muita gente esquece o injustiçado Dave Mustaine.
E nos anos 90 isso ficou ainda mais evidenciado.
Sem nunca conseguir fugir da sombra do Metallica, Dave dá um direcionamento msuical um pouco mais aceitável, mas ainda extremamente técnico e preciso. Com o lendário Lineup Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza eles gravaram os excelentes “Countdown to Extinction e Youthanasia”, ambos com muita melodia, principalmente este ultimo, que possui uma das canções mais lindas que já escutei: A Tout le Monde. Para quem tem paciência, leia com atenção a letra desta musica.
O que o Metallica nunca teve, o Megadeth tem de sobra: freqüência nos lançamentos, mas sem nunca cair a qualidade. Problema (?) disso é que Dave foi “abrindo” sua cabeça musicalmente, e “Cryptic Writings” é prova cabal. Ainda temos algumas canções com riffs que Dave eternizou em seus primeiros álbuns (as famosas “cavalgadas”), mas no geral, tudo aqui é com cara de “vamos abranger um público maior”. E disso para o erro mortal foi um passo.
“Risk” é um álbum bem controverso. Tem bastante gente que odeia. E tem a galera que gosta. Mas acho que não existe a galera que ama este álbum. Ele até possui algumas coisas “legais”, como a criticada “Crush’em”, “Breadline” (que também possui uma letra maravilhosa) e “Prince of Darkness”. Mas para por ae.
Duramente criticado, chamado injustamente (?) de vendido, Dave percebe que deu um passo maior que a perna. Esta na hora de voltar atrás. Bem atrás.
Dave Mustaine sempre foi famoso por ser um ditador, e na linha dos melhores, como Steve Harris e o já citado Jeff Waters. Mas o problema é que quando era assim, as coisas funcionavam de verdade no Megadeth. E ele chegou a conclusão de que deveria voltar a ser assim.
Com um line up modificado (Mstaine/Ellefson/Pitrelli/DeGrasso), chega ao publico o excelente “The World needs a Hero”. Antes deste álbum, saiu uma coletânea com duas musicas inéditas (uma inclusa aqui) e ali deu para perceber que Dave viu que os fãs queriam de verdade eram riffs poderosos, cheios de passagens de cavalgada, como no passado. TWNAH é bom, mas não excelente. Tem muita coisa boa mesmo aqui, principalmente no quesito letras, onde vemos a raiva do homem (já bem velhinho) voltando à tona, mas ainda assim, distante do passado.
Uma merda aconteceu, Dave fodeu o braço e anunciou seu fim de carreira. Muita gente ficou desesperada (eu inclusive) porque o cara tinha acabado de lançar um álbum bom de verdade, um regresso ainda simples, mas otimista, ao passado.
Passa um tempo, o cara aparentemente melhora, e nos presenteia com o melhor álbum desde o clássico Rust in Peace: “The System has Failed”. Riffs inspiradíssimos, letras que literalmente xingam tudo e todos, verdadeiros tapas na cara (The Scorpion, Kick the Chair e Die Dead Enough são gritantes!), mas, e prestem atenção neste MAS, aqueles com tanto feeling que emocionam mesmo, como Back in the Day (eu amo esta musica em todos os aspectos, pois ela é uma verdadeira ode ao bons anos 80) e Tears in a Vial (uma clara referencia a seus ex-companheiros de banda, tanto Megadeth quanto Metallica).
O Megadeth está de volta, forte como nunca e com uma formação que realmente deixa em duvida se a formação Mustaine/Friedman/Ellefson/Menza foi a melhor, porque Mustaine, os irmãos Drover (para quem não conhece, estes caras são do foderosíssimo Eidolon e tambem já participaram do maravilhoso Mercyful Fate, ocupando bateria e guitarra) e o posto de baixista que ainda não está definido direito (primeiro foi James Macdonaugh, ex-Iced Earth e agora temos James Lomenzo, ex-BLS), executam performances perfeitas. Glen Drover (guitarra) é um clone de Mustaine. Não tem a presença de palco dele, mas o cara toca muito, e muito MESMO. A cozinha nem tem o que dizer é maravilhosa. Eu tinha conseguido o áudio do DVD One Night Live in Buenos Aires (valeu ae Dogg), e recentemente baixei o Divx deste show... Sem comentários.
O novo álbum está pronto, já tem capa divulgada (uma das mais bonitas da história da banda por sinal) e algumas musicas já estão rolando na net, como Sleepwalker, Washington is Next e a perfeita Never Walk Alone. Sim, eu acho que vai ser tão bom quanto o ultimo. Talvez até melhor, justamente por causa dos Drover. Se os caras trouxeram 10% do Eidolon para o Megadeth... Acreditem, se vocês não conhecem o Eidolon, deveriam ir atrás disso. É bom de verdade.
Mas tudo que é bom tem um problema.
Dave soltou uma nota recente dizendo que se este álbum não tiver o “devido reconhecimento”, provavelmente será o ultimo registro do Megadeth. Problema é que ele tinha dito coisa semelhante ao ultimo álbum. Que seria ultima turnê e coisa e tal.
Se o lance do braço, costas, ombro é coisa séria mesmo, só ele sabe. O objetivo deste post nem é esse, falar mal ou contestar a verdade. O lance é que Dave Mustaine e seu Megadeth semrpe foram uma das maiores bandas que já existiu no cenário do Heavy Metal. Dave é o Megadeth, sempre foi. Eu já vi o Megadeth ao vivo três vezes (95-98-05). Se vier mais uma vez, vou de novo.
O grande problema quando eu escrevo um post deste, é saber que eu to chegando aos 30 e nasci no país errado e na década errada. Eu deveria ter nascido lá pelos idos de 66, em San Francisco, é claro, na Bay Area.
É nestes horas que eu digo que “Back in the Day” é um clássico.
Alcofa (escutando as canções novas, e gostando de tudo até aqui)
4 Comments:
Belíssimas palavras... Concordo com tudo aí sobre o Mustaine. O carinha já passou por uma porrada de coisa desde empunhou uma guitarra pela 1ª vez. No "Some Kind of Monster" deu pra ver claramente qual foi o tamanho dessa fúria que ele (res)sentia. Confesso que lá por 88/89 eu não achava que ele iria durar muito mais não. Ledo engano, graças a Deus.
Ps: senti uma certa dúvida tua quanto ao problema que o Dave teve no braço. Será?
Ps2 (post scriptum dois, não Playstation 2, hehe): também considero "A Tout le Monde" uma das composições mais lindas desde sempre. Chegou a ouvir a nova versão com Dave dividindo os vocais com a Cristina Scabbia, do Lacuna Coil? Bem bacana.
falae Dogg!
cara, eu realmente fiquei em duvida com relação à veracidade dos fatos do lance do Dave. Não acho que seja tudo mentira, mas acho que algumas coisas foram exageradas e, claro, teve um marketing excessivo em cima disso. Lembra do lance da Blackmail The World Tour ser a ultima da banda? Porque ele disse que não iria mais fazer turnes após esta? Não to reclamando do fato do cara ainda estar na ativa, mas acho que teve um exagero em alguns fatos ae ... enfim, o que importa é que ele ta na ativa e mandando bem pacas!
e eu escutei sim a nova versão de A Tout le Monde. Gostei bastante tbm. Prefito a clássica, mas esta nova "roupagem" ficou bem bacana!
abração!
PS: Hell Yeah é legal bagarai!
perfeito, adorei.
principalmente a descrição de alguns albuns como o fantástico System Has Failed. Infelizmente aprendi a amar Megadeth já "velha", mas ainda assim espero ve-los um dia.
Dave Mustaine é meu maior ídolo.
Um exemplo de superação.
e ele fica na sombra do Metallica pra mídia...pq os fãs e quem realmente entende de metal, não vê dessa forma.
abraços
Espectacular o texto mesmo *.*
Dave Mustaine é o meu ídolo!
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