Saturday, July 07, 2007

Sempre defendi as Hqs com cara de clássicas, daquelas em que os heróis ainda usam cueca por cima da calça e tals. A Marvel e a DC sempre foram as duas super potências deste genero tão controverso nos dias de hoje, onde as HQs que fazem sucesso de verdade com o público "atual" são aquelas ou muito violentas/diretas (como Preacher, por exemplo, que tem ótimos roteiros aliados a cenas de embrulhar estômago) ou muito "cabeça", como a grande maioria deas coisas do selo Vertigo. Nada contra estas HQsw. Compro a grande maioria do que sai em bancas.

Mas eu gosto mesmo é de ver gente voando pela cidade, torcando porradas capazes de demolir montanhas e com seus uniformes ultra espalhafatosos.



Então como diabos agradar um fã "old school" hoje em dia, vendo que as HQs que possuem personagens com cueca por cima da calça e colantes de gosto duvidoso hoje em dia não abordam mais os itens citados no parágrafo acima? As brigas e tramas mirabolantes ainda existem, mas são quase semrpe deixadas de lado por argumentos sombrios/realistas/atuais. Vejam a Guerra Civil, por exemplo. Excelente saga. Mas sem nada de clássico nela.

As HQs "clássicas" tinham aquela aura de ingenuidade em certos momentos, mas argumentos tão bons que muitos ainda são válidos hoje em dia. Ponto para quem pensou na guerra Kree-Skrull, que ficou esquecida durante anos na cronologia e, agora com a ascensão dos "Illuminatti", grupo que quase sempre existiu (rídidculo), volta e meia ela é citada... vai entender.



Enfim, eu sou um fã orfão de coisa clássica. Ou vou no sebo e compro trilhões de revistas em formatinho dos anos 70/80 (Heróis da TV !!!!!! SAM!!!!), ou fico de olho nas bancas, porque, afinal de contas, AINDA EXISTEM HQs com cara de clássica!!

Astro City.

Quando eu conheci Astro City, foi por puro acaso. Passei numa banca e vi o encadernado "Vida na Cidade Grande". Péssima impressão. Péssimo tamanho de corte. Mas tinha uma capa do Alex Ross! Comprei com o pensamento "vou dar uma chance para isso aqui" e, afinal de contas, nesta época eu ainda andava de metrô (hoje em dia vou trabalhar de bike), portanto, iria ter algo para ler no percurso.



Li na ida. Reli na volta.

Eu até conhecia algumas coisas escritas por Kurt Busiek. Nada que eu tivesse dado uma atenção especial, mas seu trabalho na "ressurreição" dos Vingadores ao lado de George Pérez (que ao meu ver é o melhor desenhista de heróis com cueca por cima da calça de todos os tempos)tornou-se algo que eu li, reli, li de novo, e de novo, até decorar alguns textos. Muitos podem pensar: "nem é tudo isso o trabalho do cara por lá", mas para mim foi verdadeiramente significante, pois quem tem um acervo velho de HQs pode notar claramente como ele reinventou e modestamente adaptou todo o clima clássico dos Vingadores dos anos 70/80, publicados por aqui em Heróis da TV. Quem nunca leu, ta perdendo algo realmente bom na Marvel.



E foi justamente por isso que eu me apaixonei de verdade por Astro City. Pois lá ele traz a magia destas duas décadas, mas de maneira muito inteligente ele deixa seus argumentos e roteiros soarem clássicos e modernos ao mesmo tempo. Tudo lá é uma clara homenagem a algum personagem famoso. O Samaritano nada mais é do que uma das muitas facetas do Superman (que diga-se de passagem, é o personagem mais emblemático das HQs, por mais que a molecada de hoje ache que este posto é do Wolverine e de alguns X-Men ...pufff). Jack-in-the-Box e Crackerjack são versões amalgamadas de vários personagens "street-ops" da Marvel e DC. Tudo lá pode soar para um leitor desavisado como plágio. Mas na verdade, lá tudo soa como homenagem mesmo, a uma época mágica e perdida.



Astro City infelizmente teve uma distribuição de merda no Brasil. Quando a Devir anunciou que ia publicar material deste universo, a primeira coisa que eu fiz foi abrir a carteira e ver quanto dinheiro tinha...

Dois albúns saíram pela pior empresa de RPG nacional que existe (excelentes, por sinal, e caros pra cacete também) e, Astro City ficou no vácuo. Nada mais foi dito, nada mais foi prometido. Pensei comigo mesmo, e desculpem a sinceridade do comentário a seguir: "brasileiro só gosta da porra dos X-men MESMO!".

Com o advento da Pixel Media esua extensa linha de publicações, eu fiquei contente em ver que muitas coisas iriam sair dali, mas quando me deparei com Astro City, uma grande interrogação se fez presente na minha cachola: "-Será que os caras vão lançar isso de maneira decente?".



O resultado está nas bancas.

Bem Vindo a Astro City é algo obrigatório mesmo, para quem é fã de coisa "clássica". Os personagens de lá são famosos? Pelo menos no Brasil, não. Tudo de Astro City é excelente, para ler e reler milhões de vezes? Claro que não. Mas que o material é melhor do que quase tudo que anda saindo na linha dos heróis com cueca por cima da calça, isso ninguém precisa ter dúvida.

Se Alan Moore conseguiu mostrar os heróis de uma maneira extremamente realista e sombria, quase palpável, Kurt Busiek e sua Astro City faz isso de maneira majestosa, para que as pessoas consigam sentir toda aquela pompa da DC Comics, mas com um pé na realidade quase que onipresente. Se Moore foi negativo ao extremo em sua obra máxima, Busiek é otimista até dizer chega com sua modesta (?) criação.



Comprem Astro City. Leiam e releiam. Talvez depois disso, muita gente sinta uma certa vontade de ir até o sebo mais próximo para procurar essa ou aquela edição de Heróis da TV...

Meu único pedido fica para que a Pixel Media republique o primeiro encadernado, Vida na Cidade Grande, pois aquilo lá é muito bom para ficar com uma edição definitiva tão porca quanto a que foi publicada por aqui anos atrás.

Alcofa (que não conseguiu dar título para este post ... vai entender o blogger ... escutando pela enésima vez os cds do Blue Man Group, porque vi o show bem recentemente, um verdadeiro espetáculo visual!)

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