Friday, May 02, 2008

Mulheres

Meu serviço está "em obras" e, portanto, eu fico com muito tempo vago durante o dia e, como bom nerd que sou, aproveito para ler algo dos trocentos scans que baixo e nunca tenho tempo para ler. A bola da vez foi Y: O Ultimo Homem. Li as 60 edições em 2 dias.



Quando li o primeiro arco de Y, confesso que a série ficou aquele ar de "legal" na cabeça, mas nada além. Problema é que quanto mais eu lia, mais eu me apaixonava pela Agente 355 que, é um dos personagens mais bem elaborados da série.

Não vou nem descrever sobre o que a série é. Qualquer pessoa que passa por aqui (acredito eu) sabe do que ela se trata. O mais interessante da série (além do mundo dominado por vaginas) é a construção e evolução do personagem Yorick e, porque não dizer, Ampersand (&). A maneira como Yorick evolui na história e deixa de ser um tremendo babaca irresponsável para se tornar em um babaca um pouco responsável é ótima. To brincando. Yorick é um personagem para lá de legal, quase palpável. Burro e teimoso, mas legal.



É interessante ressaltar algo: se o mundo fosse só das mulheres, eu acredito que ele seria exatamente igual -ou pior- do que o mostrado na série. Engraçado notar que, logo no início do "apocalipse", as primeiras coisas que somem são os produtos de beleza! Hauhauhauahuaha. Piadas à parte, o grande mérito da série é sem dúvida o "fator lost": você fica babando de ansiedade para ler o próximo capítulo! Acho que a unica série (recente) a qual havia me causado esta sensação foi 100 Balas, que possui uma das tramas mais enroladas da história, mas interessante até o limite da palavra.

Toda vez que eu terminava de ler uma edição, já estava quase dando um "enter" automático na outra. Era impossível parar de ler. Sério. Ela não é uma obra de arte, mas ela é tão bem escrita que acaba por se tornar uma.

Muita gente se pergunta sobre o que a série fala. Ao meu ver ela fala essencialmente de evolução e amor. Nós vemos lá a postura agressiva de praticamente todas mulheres, a capacidade "nata" de muitas mulheres para suprirem sua falta de sexo (não tem cachorro, caça com gata!), a habilidade natural de muitas mulheres de observar e ponderar algo, coisa que muitos homens são incapazes de fazer logo de cara, e doses homeopáticas de humor. Mas a série fala sobre isso: amor e evolução. Amor de Yorick por sua Beth (ou Beth's), amor platônico (não vou falar de quem para não estragar algo para quem ainda não leu), amor de uma pessoa por seu ofício (Agente 355), amor de mãe, amor de companheirismo, enfim, amor. Os homens pensam, as mulheres amam. Homens fazem sexo, mulheres fazem amor. Simples assim.



E evolução pelo simples fato de, mesmo pela maior merda que o mundo se tornou sem homens, é notável ver como as mulheres seguem adiante (com sucesso ou não). A situação da China é ótima na série, mas é extremamente angustiante na Austrália. Nos EUA, é típico: com um povo que vive com medo de tudo, a primeira coisa que vem a cabeça é uma guerra biológica. Muito bem abordado pelo autor este fato na série.

A série não tem muitos personagens. Ela é lotada de coadjuvantes. Acho que os personagens "de destaque" seriam Yorick e Ampersand (os dois "únicos" machos da terra), Agente 355 (juro que se existir uma Action Figure dela, eu compro), Doutora Mann (dona de alguns dos momentos mais hilários da série), Alter (essa mulher dava uma surra no Rambo), Hero (fiquei extremamente emocionado com a história de vida dela, como ela se perde e se reencontra na série) e por que não, Victória? Ela que é a líder espiritual das Amazonas, é um personagem fortíssimo na série e extremamente bem construído.

E eu queria ter uma Agente 711 em casa ... E uma 355 de segurança!



Dois detalhes importantes: a série tem TANTAS referências que você se diverte pra caramba ao identificar todas elas (se bem que o pessoal das traduções, e palmas para todos os grupos, deixam seu trabalho bem mais fácil). E mais legal ainda é você notar que são referências COMPLETAMENTE POSSÍVEIS de serem identificadas até por quem não é muito fã de HQs, diferente das milhares de referências de Grant Morrison, que cuja grande e esmagadora maioria só ele sabe definir ... E o outro detalhe são as capas da série: fazia muitos anos que eu não via uma série com capas soberbas da primeira até a ultima edição!

Confesso que ao ler as 3 ultimas edições, enchi o olho da agua, principalmente no final da história de Ampersand. Fiquei triste de verdade. Acho que to ficando fresco com o passar dos anos.



Uma série para se ter em casa e para reler de tempos em tempos. Tomara que a Pixel Media publique isso em encadernados (pelamordedeus). Compro pelo preço que for.

Finalizando: vejo muita gente discutindo sobre o que diabos causou a praga. A série não é sobre isso. Acreditem. Tanto o amuleto, quanto a arma biológica e a teoria do doutor (fumou um baseado gigante o autor para criar essa) são plausíveis e possíveis. Mas reafirmo: a série não é isso.

Alcofa (que se fosse o ultimo homem da terra iria viver à base de Maltodextrina,para aguentar a "sede" feminina .... hehehehe. Escutando a recém lançada coletânea do Dream Theater ... banda boa é foda!)

2 Comments:

Blogger doggma said...

"além do mundo dominado por vaginas" - essa foi foda...

Cara, que texto sensacional. Sem sacanagem, aquele 6º parágrafo é a melhor e mais bela definição que eu já li sobre a série. É perfeita. E vou te falar a verdade: chorei que nem um corno velho na cena final do Ampersand. Quadrinho também é isso, então. A cada lida aprendo mais.

Parabéns, bróder.

Off-below-topic: o que é aquele Hulk azul escuro lá? Nunca vi antes.

3:10 PM  
Blogger JoaoFPR said...

Puxa, achava que só eu tinha ficado triste com a morte do Ampersand, mas tão importante quanto foi onde ele foi enterrado.

Maravilhosa história.

Compro todos os encadernados se saírem também.

Abraço.

10:51 PM  

Post a Comment

<< Home

|