Monday, September 14, 2009

Eu, Super Homem

Eu adoro Hqs absurdamente poderosas e meu fascinio com o Superman não é de agora. Isso quem passa por aqui já sabe há algum tempo. Mas dia desses eu parei pra analisar o Superman e seus derivados, sejam eles bons ou maus, e cheguei a seguinte conclusão: a idéia que Nietzsche apresentou sobre o mito do "Super Homem" foi algo seguido durante muito tempo pelo Superman clássico, mas é interessante como muitos dos seus "derivados" conseguiram ser mais realistas ou até mesmo mais interessantes neste quesito.



Miracleman é uma obra que deveria ter sido publicada por aqui há vários anos. Nem vou citar as 4 edições da Editora Tannos porque aquilo lá é sofrível demais pra ser até mesmo considerado. A obra de Moore no titulo (a fase de Gaiman não me chamou a atenção) é perfeita neste aspecto, de apresentar um homem acima de todos e disposto a "vivenciar" isso. Todos os temas abordados na série (como a moralidade do personagem principal) são feitos de forma absurdamente coerente. E acho que o "run" de Moore foi tão perfeito neste aspecto, de apresentar o homem perfeito, que isso foi "chupinhado" muito mais que o homem que começou com o mito da perfeição, o Superman.



Vejamos: O Superman é tudo que existe de mais perfeito em um herói. O Miracleman é tudo de mais perfeito que existe em um ser HUMANO. Acho que aqui mora a grande diferença entre ambos.

Moore é um grande conhecedor de HQs e a prova máxima disso foram seus anos à frente do sofrível Supremo do "mestre" das HQs. Lá, Moore mostrou como o Superman é mais um mito do que um ser "alcançável", se é que posso colocar desta maneira. Já com Miracleman ele fez JUSTAMENTE o contrário. Nos apresentou um personagem tão humano (ou desumano, como queria ver) quanto eu ou você.

E a fórmula deu TÃO certo que vieram dois casos "parecidos".

Poder Supremo foi o MELHOR titulo que eu li em vários anos. Os roteiros de J. Michael Straczynski (eu copiei isso, porque eu NUNCA consegui escrever o nome deste cabra certo) aliados a perfeita arte de Gary Frank (que evoluiu horrores desde sua fase no Hulk ao aldo de Peter David nos idos anos 90) criaram a obra perfeita depois de Miracleman. A série gira em torno do surgimento de super seres, mas é claro que qualquer um mais bobo vê que tudo ali é sobre Hyperion. Tudo é muito parecido: enganado, iludido e sempre com pessoas mentindo para ele e dispostas a mata-lo caso ele saia dos eixos. Até a trágica conclusão da série é parecida, com muitas mortes e um personagem disposto a mudar o mundo a sua maneira. Pena que com o final do titulo e depois sua "ressurreição" como Esquadrão Supremo muito disso tenha se perdido ... uma pena.



O segundo caso na verdade são vários "menores": Invencível com seu pai Omni-Man, O Superman de "Red Son", o personagem central de "Irremediável" (interessante esta série), o Hyperion das HQs dos Exilados, o Magog de Reino do Amanhã, o Superman de Grant Morrison e sua dinastia e mais alguns casos. Todos eles são o "esqueleto" clássico: um "super homem" com poderes absurdos e disposto a fazer diferença no mundo.



A verdade é que se tivssemos MESMO um super homem em nosso meio, será que ele ficaria de fora de tudo? Seria escoteiro como Clark? Ou botaria pra foder geral como o Omni-Man? Ou mudaria o mundo a sua visão? Ou seria um belo dum personagem ultra mega foda como o Sentinela e não fazer PORRA NENHUMA?

Muita gente acha o Superman um personagem "bobo". O que mais me chama a atenção nele é justamente isso: lidar com poderes tão absurdamente grandes e decidir quando deve ou não interver. Porque ele já fez isso em mais de um caso. E é justamente nestes casos, onde ele é "falho", que ele se torna ainda mais interessante.



Quando eu tento ver a história perfeita do mito de um super homem, Miracleman vem absoluto na cabeça. Não pelo fato de ter Alan Moore no comando (claro que isso faz diferença), mas pelo fato de que VÁRIAS escolhas e atitude do personagem são as que mais condizem com a realidade, por assim dizer.

Alcofa (que ja teve vontade mais de uma vez de imprimir os scans de Miracleman e fazer a sua versão da revista, e com muita duvida se um dia veremos a fase de Moore no Brasil... Escutando quase em ritmo non stop "Endgame", novo do Megadeth)

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4 Comments:

Blogger JoaoFPR said...

Como sempre, muito bem escrito.
Concordo com tudo o que disse, salvo a parte do Omni-Man. Nunca li, não opino.
Hyperion é algo épico, digno de se ter em casa.
E as falhas do super-homem quase vazaram, de uma forma linda e assustadora em Kingdom Come.

No final daquela história, ele falhou, ele teve seu Breakin Point.

12:27 PM  
Blogger Alcofa said...

Sim João, bem apontado ...ali o cara foi levado ao seu limite. E esta versão do Super está sendo utilizada de maneira MUITO interessante por Geoff Johns nas HQs da Sociedade da Justiça. Recomendo.

Abração!

11:21 AM  
Blogger doggma said...

Realmente. Belo texto em homenagem ao Clark. Tô virado com o Super desde que devorei suas últimas 20 edições (que comprava, não lia e deixava empilhando no canto). Vi fases brilhantes com possibilidades absurdas (fase Busiek e fase Johns/Donner), entressafras esquecíveis e uma tremenda bagunça cronológica da Panini - mas reencontrei ali um personagem único. É a maior referência dos quadrinhos, fácil.

Lembrando também do coronel Buck Caine, o Espírito Público, da mini Marshal Law. É o Azulão, se fosse um candidato republicano à presidência dos EUA.

Quanto ao saudoso e antológico Poder Supremo, junto-me ao coro (coro não... um coral barítono épico em uníssono, igual ao do Therion abrindo pro Judas e pro Heaven & Hell nas ruínas de Pompéia em noite de eclipse). E Straczynski foi tão atropelado pela agenda que ainda largou a parada incompleta. Hipérion versus Redstone Final Match, agora, só no Valhalla das histórias nunca contadas.

"um belo dum personagem ultra mega foda como o Sentinela e não fazer PORRA NENHUMA"
- Nuff said'! Lamentável mesmo. Em defesa (do personagem), destaco que Jenkins o criou apenas para a excelente graphic homônima, mas o malévolo Joe Quesada decidiu que os Vingadores também teriam Super-Homem. Aí deu nisso aí que ele é hoje.

3:18 PM  
Blogger Alcofa said...

Dogg- cara, verdade ... o Coronel de Marshall law ... nem lembrei dele! Bem lembrado!

E sim...eu fico babando até hoje com o final match citado ... Redstone era filho da puta com TODAS as letras maiusculas... entrou pro hall dos vilões "eu estupro sua mama e ainda dou umas tapas na bunda dela pra ver se a danada gosta".

Concordo sobro o Sentinela. Sua mini de "origem" é MUITO boa. O erro mesmo foi terem colocado o cara na cronologia ...

4:53 AM  

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