Monday, November 24, 2008

Arquétipos clichêzão ou simplesmente "coisa de macho"?

Nunca fiz segredo que o que me agrada, é o que é simples. Coisas complicadas demais (ou que tenham essa pretensão) ou me fazem perder o interesse logo de cara ou demoram bastante para conquistar o mesmo. Por exemplo, adoro reler Watchmen de tempos em tempos, porque ela é uma obra completa e extremamente complexa (se você quiser interpretar todas as variações possíveis), mas eu gosto mesmo é de ler no dia a dia coisas como Lobo (em sua fase aurea), Goon (me tornei fãzaço deste cara, graças ao Doggma, hqs de guerra com direitos a quadros com gente mutilada e por ae vai. Resumindo: eu gosto do estereótipo de "coisas de macho". E coisas de fresco (ae vocês entendam como vocês quiserem) realmente não me interessam.

Pra chegar logo ao ponto: existe algo mais "macho" na cultura do Brasileiro do que os caboclos nordestinos? Me desculpem os vizinhos do sul (que tem a fama de machões do Brasil), mas em termos de "vamu vê a cobra fumá", os nordestinos detonam.



Ok. Eu sou filho de Nordestinos (embora não me pareça com a grande maioria, porque sou branco de dar dó e meu pai não é brasileiro, mas sua fixou moradia em Recife). Ok, meu pai é o típico "machão". Mas em casa a gente nunca teve nenhum cangaceiro, pistoleiro, riscador de faca ou qualquer que seja o nome. Fato é que meu pai deu aquela típica criação "filho, ou você vira homem ou você ta fodido" desde pequeno e, verdade seja dita: eu sou o que sou e adoro ser o que sou.

O personagem tipicamente foderoso da cultura nordestina é o cara que não leva desaforo pra casa, que sangra um cara na base da facada por uma ofensa (nada muito diferente dos carcamanos sicilianos de "Poderoso Chefão"), que resolve tudo na bala e que bebe como um "cabra macho" e pega a mulherada geral. Geralmente são pessoas de um humor único (e que geralmente só fazem sentido para eles, mas isso também é fato em qualquer região do Brasil, como as famosas piadas regionais) e, em na grande maioria, carismáticos ao extremo.



Tanto na literatura quanto na mídia televisa temos vários exemplos: o matador da famosa mini série "O Alto da Compadecida", o extremamente valente (e confesso que um dos meus preferidos) Ojuara de "O Homem que Desafiou o Diabo" e, claro, o cangaceiro mor que tornou-se uma lenda no Brasil: Lampião.

Mas dae você pode se perguntar: por que diabos ele tá escrevendo sobre cangaceiros?

Ora bolas! Adoramos ver super seres explodindo planetas (ok, eu adoro... nem todo mundo gosta disso), quebrando a cidade toda na base da porrada, transformando inimigos em átomos, cruzando os céus com uma cordinha de resistência duvidosa, enfim, gostamos do absurdo. Daquilo que não é possível para nós (e para ninguém, diga-se de passagem) nas nossas vidas simplórias e "comuns". Mas eu fico fascinado com exemplos como os "cangaceiros do nordeste" justamente por isso: por eles serem extremamente reais. Reais ao ponto de uma simples bala tirar a vida dos mesmos rapidamente. Confesso que nada mais me fascina do que as histórias e lendas sobre os Vikings e seus costumes (esses SIM eram os maiores féladaputa do planeta), mas ao termos heróis "mitológicos" tão próximos e acessíveis a nós, é até engraçado notar como as pessoas não se encantam com os lendários "cabras da peste".

O folclore nordestino é de longe o mais rico do Brasil, pois ele é único. É a mistura de um monte de crenças e religiões e, as histórias sobre os mesmos são quase sempre muito engraçadas ou muito fantasiosas.

Sei que fugi bastante do normal netse texto, mas de uns tempos para cá voltei o meu inacabável interesse por história para dentro de nossas fronteiras. Leio muito sobre história mundial e principalmente mitologia, mas quando percebi que nada tinha (e praticamente nada sei) sobre nosso sofrido nordeste, vi que estava na hora de dar uma passada no sebo mais próximo ...

Alcofa (que quer comprar um chapéu de cangaceiro pra deixar em casa, porque o tamanho da minha cabeça é "padrão europeu", e nem fodendo que aquilo lá ia caber em mim ... e escutando o "novo" do Guns: Chinese Democracy. É... demoraram DEMAIS com este aqui...)

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4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Aê! Nordeste Rules!

2:46 AM  
Blogger Alberto Silva said...

Saudações recifenses.

9:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

Concordo em quase tudo com você menos em você querer esteriotipar o Nordestino, sou nordestino, tenho 1 e 80, olhos claros e sou branco, aqui onde eu trabalho tem pelo menos seis etnias diferentes, todos nordestinos, esse negócio de nordestino feio atarrancada e cabeçudo é coisa de novela da globo. O Brasileiro é o que há de mais moderno em termos de viralatisse, tudo misturado, Hittler infartaria se tivesse quer vir aqui.
Ah! acho que é Auto da Compadecida com u, porque é um genero da dramaturgia.
No mais parabens pelo blog, eu sempre to por aqui mesmo que quase nunca comente.

5:13 AM  
Blogger Alcofa said...

Nossa, demorei pra responder este. Saudações aos cabras do nordeste!

Entrerios (é teu nome mesmo?): cara, se no texto deu a parecer que estereotipei o nordestino, minhas desculpas mais sinceras. Em momento algum foi intencional. A questão é que eu queria falar sobre a figura dos cangaceiros e, acabei me atendo a imagem transmitida anos a fio por versões televisivas e dos livros caricatos. Mas verdade seja dita: o unico cangaceiro que fugia dos "padrões" do estereótipo foi o famoso diabo loiro, que eu esqueci o nome agora, e foi o homem que vingou lampião (historicamente falando).

Sobre Hitler enfartar por ae, também concordo: fui ao Nordeste recentemente e até ruivas naturais eu vi por ae! hehehehe. Mulheres lindas e , como posso dizer, receptíveis, se é que me entedenm... bem diferente da tipica frieza paulistana ...

Sim, é "Auto" da Compadecida, com "U" mesmo. É o famoso caso de erro de portugues grosseiro que acontece quando se escreve com pressa ...

Então é isso! Um grande prazer ter gente de tudo quanto é canto do Brasil por aqui!

Um grande abraço!

9:56 AM  

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